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Henri Michaux ~ Um Bárbaro na Ásia


tradução de Ernesto Sampaio
desenho gráfico de Mário Feliciano
colecção Fenda Luminosa 3
colecção dirigida por Vasco Santos
Lisboa, Janeiro de 1999
[1000 exemplares]

Em França, um poeta tornado quase nacional vê-se convidado a falar de tudo. E aceita. Pensará sobre tudo. Tudo o que se possa tirar de pensável de um tema, tirá-lo-á, embora esteja completamente às escuras sobre o assunto. E é inegável que faz pensar, se bem que geralmente em coisas completamente diferentes.
Os gregos também eram assim (não só os sofistas).
Mas o indiano avantaja-se a todos. Para ele, não há vazio. Sabendo tanto de um assunto como o pode saber uma pedra, começa logo a mobilá-lo.
A sua história natural, que contém poucas observações aproveitáveis, não deixa de enumerar dezoito maneiras de voar, dezassete de cair, onze de se levantar, catorze de correr e cinquenta de rastejar.
Dezoito maneiras verbais de voar, naturalmente, sem um esquema, sem um pormenor, mas dezoito e não dezanove. Dezoito e a questão de voar fica arrumada.