(capa da 1ª ed)
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(capa da 2ª ed)
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tradução de Fiama Hasse Pais Brandãocapas das duas edições de João Bicker
1ª ed, Fenda 1989
2ª ed, Fenda 2006
2ª ed, Fenda 2006
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O nosso hábito, já vindo de há muito, de procurar diversão nos espectáculos, fez-nos esquecer a noção dum teatro sério, que, a derrubar todas as nossas representações interiores, nos inspire, com o magnetismo ardente das suas imagens, e actue sobre nós como uma terapêutica espiritual cuja experiência se não possa jamais esquecer. Tudo o que é acção é crueldade. E é baseado nesta ideia duma acção extrema, levada além de todos os limites, que o teatro tem de ser reconstruído.
Ciente de que o grande público pensa, antes de mais nada, com os sentidos e de que dirigirmo-nos, em primeiro lugar, à compreensão como faz o vulgar teatro psicológico, é absurdo, o Teatro da Crueldade propõe-se recorrer a um espectáculo de massas tremendas de gente convulsionada e projectada uma contra a outra, algo dessa poesia das grandes festas e das multidões, quando, o que é muito raro hoje em dia, as pessoas invadem as ruas.
O teatro tem de nos dar tudo o que há no crime, no amor, na guerra, ou na loucura, se quiser voltar a ser necessário.